A música que veio do frio

Sou um grande fã de música eletrônica, e lembro exatamente do dia em que isso começou: ao ouvir pela primeira vez, nos idos de 1987, o clássico “Radioactivity”, do Krafktwerk, que mudou pra sempre a minha sensibilidade musical.

A ascensão do techno-rock, big beat e trip hop do final dos anos 90 levou a e-music para as massas, mas hoje, poucos anos depois, os principais expoentes do movimento mostram sinais de envelhecimento precoce.

The KnifeQue mané Daft Punk. Que mané Chemical Brothers. A melhor banda eletrônica da atualidade é o duo sueco The Knife.

Os irmãos Karin e Olof Dreijer vêm construindo uma obra onde a aparente frieza dos sons artificiais é driblada por apuradas melodias, samples “orgânicos” e pelo extraordinário vocal de Karin.

É uma obra em movimento, desde o primeiro disco (2001), meio tosco e lo-fi, passando por “Deep Cuts” (2003) e seu pop ensolarado, até “Silent Shout” (2006), sofisticado, anti-comercial e bem dark.

Selecionei uma faixa de cada disco, pra dar uma idéia dessa evolução:

1. Parade
2. Heartbeats
3. Marble House

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(clique no botão de play para ouvir)

“Deep Cuts” ganhou um Grammy, mas o Knife sabotou o prêmio, mandado duas mulheres vestidas de gorila (!) para recebê-lo. Várias letras têm um forte conteúdo político, e eles quase não dão entrevistas, não aparecem em seus próprios videoclipes, e em fotos e shows estão sempre vestidos com máscaras.

No entanto, Karin participou de cara limpa do belo vídeo de “What Else is There?”, sua colaboração com os conterrâneos do Röyksopp, e que tocou nas pistas de dança do mundo todo.

Outro momento de exposição foi o comercial do televisor Sony Bravia, que usou “Heartbeats” como trilha, numa cover acústica do também sueco José González. É um filme muito bonito e teve muita repercussão na Europa.

A última extravagância foi a turnê e DVD “Silent Shout, an Audiovisual Experience”, onde a banda apresenta novos arranjos para as músicas e usa uma impressionante colagem de vídeos e efeitos de luz contra-indicados para epilépticos — o que, tendo em vista as últimas turnês do Daft Punk e do Kraftwerk, também espetáculos cênicos e visuais, coloca o Knife de pleno direito no melhor da linha evolutiva da e-music.

Sobre Marcus P

Don't believe the hype.
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3 respostas para A música que veio do frio

  1. alex disse:

    marcus,não estava sabendo do novo endereço.e postei comentários no antigo,salamaleque

  2. Chinfrin disse:

    O nome correto é Kraftwerk. Você colocou um “k” a mais aí…

  3. Chinfrin disse:

    E para o pessoal que quiser conhecer melhor Kraftwerk, sugiro que iniciem pelo álbum The Man-Machine (Die Mensch-Maschine em alemão) de 1978. Outro preferido meu é Computer World (Computerwelt em alemão) de 1981.

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